Muitos nomes de demônios são manifestados
Dentre eles, destacam-se:
Exu Caveira, Pomba Gira, Zé Pilintra, Tranca Rua, 7 flechas, Caveira da Meia Noite, 7 catacumbas, Maria Padilha, Zé Machado, Ogum, Exu da Morte, Maria Mulambo, Vira Mundo, 7 cadeados, Capa Preta, Preto Véio, Cobra Coral...
Embora conserve do candomblé a veneração dos orixás, a umbanda, religião que desenvolveu e sistematizou o culto à Pombagira como entidade dotada de identidade própria, é uma religião centrada no culto dos caboclos e pretos velhos, além de outras entidades. Embora o candomblé não faça distinção entre o bem e o mal no sentido judaico-cristão, uma vez que seu sistema de moralidade se baseia na relação estrita entre homem e orixá, relação essa de caráter propiciatório e sacrificial, e não entre os homens como uma comunidade em que o bem do indivíduo está inscrito no bem coletivo (Prandi, 1991), a umbanda, por sua herança kardecista, preservou o bem e o mal como dois campos legítimos de atuação, mas tratou logo de os separar em departamentos estanques.
A umbanda se divide numa linha da direita, voltada para a prática do bem e que trata com entidades "desenvolvidas", e numa linha da "esquerda", a parte que pode trabalhar para o "mal", também chamada quimbanda, e cujas divindades, "atrasadas" ou demoníacas, sincretizam-se com aquelas do inferno católico ou delas são tributárias. Essa divisão, contudo, pode ser meramente formal, como uma orientação classificatória estritamente ritual e com frouxa importância ética.
NOTAS
1. Este artigo resulta de um projeto mais amplo de pesquisa sobre religiões afro-brasileiras que venho realizando desde 1987 em terreiros de candomblé e umbanda de São Paulo. Para esse projeto, tenho tido contato também com terreiros do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Maranhão, Pará, Amazonas, Ceará e Rio Grande do Sul, o que me permite, penso, poder trabalhar com classes mais generalizantes de conclusões. Neste artigo, procurei usar como fontes sobre a identidade de Pombagira as próprias cantigas de culto que estão registradas por autores umbandistas e que, de acordo com meu trabalho de campo, acham-se bastante disseminadas pelo país. Igualmente, procuro não me prender a situações muito peculiares e particulares deste ou aquele terreiro ou mesmo cidade. Evito de toda sorte cair na armadilha de recorrer à ficção literária para ver a realidade, sobretudo no caso presente, em que ela está ao alcance do trabalho de campo. Para a pesquisa, conto com financiamento do CNPq.
BIBLIOGRAFIA
ALKIMIN, Zaydan. (1991), O livro vermelho da Pomba-Gira. 3a. edição, Rio de Janeiro, Pallas .
ARCELLÁ, Luciano. (1980), Rio macumba. Roma, Bulzoni.
AUGRAS, Monique. (1989), "De Yiá Mi a Pomba Gira: Transformações e símbolos da libido", in: C. E. Mde Moura (org), Meu sinal está no teu corpo: eséritos sobre a religião dos orixás. São Paulo, Edicon & Edusp.
BITTENCOURT, José Maria. (1989), No reino dos Exus. 5a. edição, Rio de Janeiro, Pallas.
CAMARGO, Candido Procopio Ferreira de. (1991), Kardecismo e umbanda. São Paulo, Pioneira.
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