Para aqueles que estão sozinhos sem se relacionar com alguém: "Não tenha medo de estar só. Tenha medo de estar vazio."

domingo, 25 de setembro de 2011

Nomes de demônios, encostos, espíritos malignos


 


Muitos nomes de demônios são manifestados
Dentre eles, destacam-se:

Exu Caveira, Pomba Gira, Zé Pilintra, Tranca Rua, 7 flechas, Caveira da Meia Noite, 7 catacumbas, Maria Padilha, Zé Machado, Ogum, Exu da Morte, Maria Mulambo, Vira Mundo, 7 cadeados, Capa Preta, Preto Véio, Cobra Coral...

Embora conserve do candomblé a veneração dos orixás, a umbanda, religião que desenvolveu e sistematizou o culto à Pombagira como entidade dotada de identidade própria, é uma religião centrada no culto dos caboclos e pretos velhos, além de outras entidades. Embora o candomblé não faça distinção entre o bem e o mal no sentido judaico-cristão, uma vez que seu sistema de moralidade se baseia na relação estrita entre homem e orixá, relação essa de caráter propiciatório e sacrificial, e não entre os homens como uma comunidade em que o bem do indivíduo está inscrito no bem coletivo (Prandi, 1991), a umbanda, por sua herança kardecista, preservou o bem e o mal como dois campos legítimos de atuação, mas tratou logo de os separar em departamentos estanques
A umbanda se divide numa linha da direita, voltada para a prática do bem e que trata com entidades "desenvolvidas", e numa linha da "esquerda", a parte que pode trabalhar para o "mal", também chamada quimbanda, e cujas divindades, "atrasadas" ou demoníacas, sincretizam-se com aquelas do inferno católico ou delas são tributárias. Essa divisão, contudo, pode ser meramente formal, como uma orientação classificatória estritamente ritual e com frouxa importância ética.

NOTAS

1. Este artigo resulta de um projeto mais amplo de pesquisa sobre religiões afro-brasileiras que venho realizando desde 1987 em terreiros de candomblé e umbanda de São Paulo. Para esse projeto, tenho tido contato também com terreiros do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Maranhão, Pará, Amazonas, Ceará e Rio Grande do Sul, o que me permite, penso, poder trabalhar com classes mais generalizantes de conclusões. Neste artigo, procurei usar como fontes sobre a identidade de Pombagira as próprias cantigas de culto que estão registradas por autores umbandistas e que, de acordo com meu trabalho de campo, acham-se bastante disseminadas pelo país. Igualmente, procuro não me prender a situações muito peculiares e particulares deste ou aquele terreiro ou mesmo cidade. Evito de toda sorte cair na armadilha de recorrer à ficção literária para ver a realidade, sobretudo no caso presente, em que ela está ao alcance do trabalho de campo. Para a pesquisa, conto com financiamento do CNPq.

BIBLIOGRAFIA
ALKIMIN, Zaydan. (1991), O livro vermelho da Pomba-Gira. 3a. edição, Rio de Janeiro, Pallas .

ARCELLÁ, Luciano. (1980), Rio macumba. Roma, Bulzoni.

AUGRAS, Monique. (1989), "De Yiá Mi a Pomba Gira: Transformações e símbolos da libido", in: C. E. Mde Moura (org), Meu sinal está no teu corpo: eséritos sobre a religião dos orixás. São Paulo, Edicon & Edusp.

BITTENCOURT, José Maria. (1989), No reino dos Exus. 5a. edição, Rio de Janeiro, Pallas.

CAMARGO, Candido Procopio Ferreira de. (1991), Kardecismo e umbanda. São Paulo, Pioneira.

Reginaldo Prandi

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